Tuesday, November 29, 2005

Portugal Português

Ontem, entrei num café. Numas mesas, conversava-se de futebol, noutras de futebol, noutras de nada e, noutras, de nada se conversava. Acostei-me a um canto e observei esta "família". Entrou uma bela mulher que sintonizou todos os loquentes (ou exloquentes, ou melhor, desloquentes, ou, talvez ainda, inloquentes). A sua presença foi o suficiente para caírem copos, haver tropeções evitáveis, um corajoso ou despeitoso: "Ó boa!"
Não havendo resposta da antedita mulher e cansando-se esta dos instintos animais descontrolados, retirou-se elegantemente, levando consigo toda a respectiva pulcritude.
Voltaram ao mesmo. Uns diziam que a referida "fémea" estava louca por eles, outros diziam: "Era mesmo boa!". Palavra puxa palavra e garganta puxa garrafa, fui ficando com vontade de me retirar. À saída, voltei-me e fixei esta imagem: Quatro homens, alinhados paralelamente ao balcão, segurando cada um com a mão direita a respectiva garrafa de cerveja. Não saía o mais pequeno som das sua bocas. Todos pensavam, observavam a sua garrafa como se a estivessem a ouvir com extrema atenção.
Nessa altura pensei que durante aquelas horas vazias, a beleza de uma mulher desconhecida foi o momento mais interessante e, indubitavelmente, o momento mais sublime que vivi. Os outros? Deixei-os para talvez os voltar a encontrar sequencialmente. Que dizer ou fazer neste país?
No meio de tanta tristeza, de tantos infortúnios, uma panaceia momentânea faz-nos sentir bem, esquecendo-nos do resto!

Porto Moniz, 29/11/2005

2 Comments:

Blogger Shore said...

... Sou,és, somos... Objectos sexuais!

perdoa-me o paralelismo.

Abraço

12:24 PM  
Anonymous Anonymous said...

Hello!!!!!
É engraçado reparar que só uma boa mulher é capaz de fazer para o mundo...Giro!
Mas ainda bem que foi uma mulher!
Beijoca grande...
O Timon está o máximo!!!

1:13 PM  

Post a Comment

<< Home