Olá, meus amigos! Desta vez, vou escrever algo extremamente pessoal. Estes dias, estava a recordar os mais belos anos até agora vividos por mim... dei por mim a interrogar o meu pensamento! O diálogo (ou triálogo, depende da perspectiva...) foi ma
is ou menos este:
Eu: Por que razão muda-se de ser?
Pensamento: Porque a insatisfação a isso nos leva!
Sentimento Anónimo: Tem de ser! Quando a vida que temos não corresponde ao que queremos, muda-se...E.: Hum... Sei que pode-se mudar de visual, de colegas, de carros e outras coisas, mas porquê o ser?
P.: As forças, quando usadas intensamente, quando extremadas para lá do limite, ...
S.A.: Quando a fogueira tem mais fogo que lenha, ou quando a lenha tem mais água que fogo, o fumo tudo consome...
P.: ... quando nos servimos delas para aguentar o insustentável...
S.A.: Quando as cordas da guitarra são esticadas para lá do razoável não há óleos que as mantenham estimadas, tem que se cortar um pouco ou mudá-las...
E.: Quando o quê? Não percebo!
P.: Tem calma!!! Posso continuar? Quando acontece o que estava a referir, as forças precisam de se reestruturar. Têm de descansar, porque apesar de serem forças não são ilimitadas!
E.: Fiquei sem elas?
P.: Não ficaste sem
elas. Estão aí dentro do teu coração! A paixão que entregas às tuas ambições é enorme.
S.A.: Quanto maior a ilusão, maior a desilusão...
E.: Isso é um defeito?
S.A.: Defeito é o que não está feito, logo, não está "factum", não está acabado! Então, a arte é o defeito, pois nunca está acabada...
P.: É e não é! É porque, etimologicamente, defeito pode ser um eclipse! Mas pode também ser a imperfeição...
E.: Um eclipse?!
S.A.: Um eclipse tira-nos o calor da luz... mas não é eterno...
P.: Sim! Um eclipse! Estás eclipsado, não estás acabado!
E.: Ah?!
S.A.: O que seria da Terra se não soubesse o que é a noite durante o dia...
P.: Sim!!! Nunca o dia continua a ser o mesmo depois de um eclipse! Há a memória de como era antes...
E.: Acho que estou a perceber! Não mudei o ser, não estou diferente, não mudei! Estou é a carregar as forças durante o eclipse da minha personalidade! É isto, não é?
P.: Pois!!! Estás a atravessar um deserto cheio de oásis que não te matam a fome!
S.A.: "
Não nos contentemos com os oásis que encontramos enquanto atravessamos os nossos desertos, porque, se os contornarmos, chegaremos mais velozmente às montanhas, aos rios, encontraremos os quatros elementos em pura harmonia, conjugando-se sabiamente num quinto: a felicidade." E.: Então isto não é definitivo? É um halo, um buraco negro, um deserto que tenho necessariamente de atravessar?
P.: Exactamente!!! Estás quase a chegar ao fim dessa torturosa travessia!!! Não pares agora!!!
E.: Claro que não vou parar! Parar é morrer...
S.A.: Um gajo tem é de se mexer!!!
P.: Melhores dias virão! Há que saber esperar...
S.A.: O valor da espera é inqualificável! A espera conduz ao desespero... à angústia...
P.: ...esperar pelo momento que vale a pena esperar!
E.: Que momento é esse?!
P.: Esse é o momento em que tens a consciênca dele próprio! Em que conheces o passado, o presente e és livre para escolher o futuro...
S.A.: Vou-me embora! Estou com náuseas...
P.: Finalmente saberás o que fazer, pensar ou dizer! Saberás o que significam os verbos dizer, pensar ou fazer!
S.A.: Fui!!!
E.: Então vou continuar à espera, deixar o que tem de suceder... suceder! Enfim! Estou farto de sentimentos anónimos... Foi um prazer conversar contigo! Agora, vou para a realidade!
Bom, meus amigos, foi mais ou menos assim a conversa... embora houvesse sempre um sentimento que não identifico a remoer a minha consciência! E, por fim, tenho que prevenir-vos: Atenção! Este texto é extremamente pessoal! Quem não me conhece que se cale! Até já...
S. Vicente, 20-01-2006